terça-feira, 22 de março de 2011

Lendo música: 10 ensaios sobre 10 canções




Para ler ao som de Esquadros - Adriana Calcanhoto


Lendo música, organizado por Arthur Nestrovski, traz dez ensaios sobre dez importantes canções da música popular brasileira. Estes ensaios compõem não só uma série de estudos detalhados sobre as canções, mas também, um fórum de discussão sobre a cultura brasileira da atualidade, comentada de ângulos bem diferentes. A canção é uma de nossas verdades, traduzindo de modo único as contradições e felicidades da cultura. Ou melhor: a canção são muitas verdades, prontas para serem sublinhadas, negadas ou celebradas por cada um de nós, lendo música.

É importante destacar que não se trata apenas de uma lista, mas de uma série de estudos e discussões sobre a cultura brasileira da atualidade comentada sob pontos de vista distintos.

Outro ponto importante é que foram considerados vários períodos e estilos, pontuados por comentário de vários ensaístas. A publicação foi organizada pelo músico e crítico musical Arthur Nestrovski, mas contou com a colaboração de Lorenzo Mammì, Noemi Jaffe, Maria Rita Kehl, Francisco Bosco, Antonio Risério, Hermano Vianna, Marcos Napolitano, Celso Loureiro Chaves, Samuel Araújo e Walter Garcia.

Adriana Calcanhoto com "Esquadros", Ary Barroso com "Aquarela do Brasil", Tom Jobim com "Águas de Março" são alguns dos compositores analisados pelos ensaístas.

O livro vai além de explicar as canções. Os ensaístas comentam características dos compositores das canções populares, contam histórias relacionadas às músicas, analisam a linguagem adotada pelos cantores e estabelecem comparações entre os artistas.

Arthur Nestrovski, explica "ler a música não é explicar a música, embora explique muita coisa da música e sobre ela. Ler a música é um dos modos de dar conta do excesso da música, repetido sem gasto a cada vez que uma canção se faz ouvir, pedindo para ser ouvida de novo".

No ensaio "Fruto do Nosso Amor", por exemplo, sobre Amado Batista, fala-se do fenômeno brega da década de 1980 e sua repercussão na imprensa, além de trazer a trajetória do artista e discutir a linguagem de suas músicas.


Lendo Música é referência bibliográfica para pesquisa sobre canção popular no Brasil. A canção é uma das verdades de um povo, que traduz a sua maneira as contradições e felicidades de uma dada cultura.


Fonte : http://www1.folha.uol.com.br/folha/videocasts/ult10038u392228.shtml


História Sexual da MPB - A Evolução do Amor e do Sexo na Canção Brasileira

Para ler ao som de "Eu comi a Madona" - Ana Carolina


Se você achou a Ana Carolina muito ousada ao gravar a música "Eu comi a Madona" você precisa ler este livro e rever seus conceitos. História sexual da MPB é considerado um marco na literatura de música popular brasileira, pela abrangência e ineditismo de sua pesquisa. O jornalista e pesquisador musical Rodrigo Faour, reuniu, pela primeira vez num mesmo livro, as canções mais expressivas que relatam a evolução comportamental do brasileiro nos temas de amor e sexo, no decorrer dos últimos dois séculos e meio.

"Chiquinha Gonzaga, acredite, tem muito mais em comum com Tati Quebra-Barraco do que se pode imaginar. No livro "História Sexual da MPB", o jornalista Rodrigo Faour compara as duas diretamente e mostra que, se a funkeira causa polêmica hoje ao pedir que a chamem de cachorra ou se declarar amante em suas letras, a compositora do século 19 chocava com versos como “sou gostosa que dá gosto de talhar” ou “ataca sem descansar”.



LIVRO RETRATA MACHISMO E RELACIONAMENTO GAY NA MPB

"Sexo! Como é que eu vivo sem sexo?" Já diziam os garotos do Ultraje a Rigor , na década de 80. Mais do que falar de sexo, a Música Popular Brasileira sempre falou muito da relação a dois, na maioria das vezes retratada de forma complicada na MPB. No livro "História Sexual da MPB", o autor Rodrigo Faour mostra que, quando o assunto era o amor gay, a coisa piorava.

“O machismo na música brasileira é muito forte. Até os anos 60, a mulher era sempre a culpada de tudo o que estava errado nos relacionamentos. Os letristas eram sempre homens e as músicas tinham o ponto de vista deles, mesmo quando eram elas que cantavam. Mas isso era o padrão moral da época. Mulher separada era tabu, homossexualidade nem se fala”, aponta Faour, lembrando as letras de homem que batia em mulher e do gay, que, quando citado, era em tom de achincalhe.

“Quando um gay escrevia sobre isso, o fazia com letra cifrada. Até hoje, é difícil uma música de amor cantado de homem para homem ou de mulher para mulher. Alguns compositores, inclusive, reclamam, que, quando fazem músicas mais ousadas, ninguém quer gravar.

No livro, o cantor Cauby Peixoto, que durante muitos anos hesitou em falar abertamente sobre homossexualidade, comprova a tese do autor: “Gravei várias músicas desse tipo. Sempre que havia expressões como ‘caso’, ‘amor proibido’ ou ‘entender’ na letra, é porque no fundo era uma letra gay”.

Rodrigo Faour fez uma lista das 10 músicas gays mais representativas na música popular brasileira. Confira:

1. ‘Bárbara’, de Chico Buarque e Caetano Veloso
“Vamos ceder enfim à tentação
Das nossas bocas cruas
E mergulhar no poço escuro de nós duas”

2. ‘Rubens’, de Mário Manga
“Quero te apertar
Quero te morder, me dá
Só que eu sinto uma
Dúvida no ar:
- Rubens, será que dá?

A gente é homem
O povo vai estranhar
Rubens pára de rir
Se a tua família descobre

Eles vão querer nos engolir
Rubens, eu acho que dá pé
Esse negócio de homem com homem,
mulher com mulher”

3. ‘Emoções’, de Wando
“Nos fizemos tão meninos livres tão vadios de tanto Querer
Nós fizemos poesia pra chorar do riso pra sorrir da Dor”

4. ‘A Nível de’, de João Bosco E Aldir Blanc
“Estruturou-se um troca-troca
e os quatro: hum-hum... oquêi... tá bom... é...
Só que Odilon, não pegando bem a coisa
agarrou o Vanderley e a Yolanda ó na Adelina”

5. ‘Cheirando a Amor’, de Ângela Ro Rô
“Amor apertado
Trancada com medo da rua
Se isso é pecado me puna

A culpa de amar livre e nua
Que preconceito barato
Que o cão caça o gato
Me morde e me desafia”

6. ‘Os Imorais’, de Zélia Duncan e Chistiaan Oyens
“Os imorais
Falam de nós
Do nosso gosto
Nosso encontro
Da nossa voz

Os imorais
se chocam
por nós
Por nosso brilho
Nosso estilo
Nossos lençóis”

7. ‘Ombro Amigo’, de Leci Brandão
“Você vive se escondendo
Sempre respondendo
Com certo temor
Eu sei que as pessoas lhe agridem
E até mesmo proíbem
Sua forma de amor”

8. 'Homem com H', de Antonio Barros
“Nunca vi rastro de cobra
Nem couro de lobisomem
Se correr o bicho pega
Se pegar o bicho come
Porque eu sou é homem
Porque eu sou é homem
Porque eu sou é homem
Porque eu sou é homem

Quando eu estava pra nascer
De vez em quando eu ouvia
Eu ouvia mãe dizer
Ai! Meu Deus como eu queria
Que este cabra fosse homem
Cabra macho pra daná
Ai! Mamãe aqui estou eu
Mamãe aqui estou eu
Sou homem com "H"”

9. ‘Difícil’, de Marina e Antonio Cícero
Eu disse não
Ela não ouvia
Mandei um sim
Logo serviu
Então pensei: ela é bela
Porque não com ela
Sexo é bom!

10. 'Galeria do Amor', de Agnaldo Timóteo
Numa noite de insônia saí
Procurando emoções diferentes
E depois de algum tempo parei
Curioso por certo ambiente
Onde muitos tentavam encontrar
O amor numa troca de olhar
Na galeria do amor é assim
Muita gente a procura de gente
A galeria do amor é assim
Um lugar de emoções diferentes
Onde a gente que é gente se entende
Onde pode se amar livremente


Fonte: http://g1.globo.com/Noticias/Rio/0,,AA1331408-5606,00.html

http://www.livrariasaraiva.com.br/produto/produto.dll/detalhe?pro_id=1565975&ID=C9087F097D704010137080554