segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Kurt Cobain: Fragmentos de uma autobiografia / Marcelo Orozco


Para ler ao som de Smells Like - Nirvana

Se você não se importa, eu queria que fosse tudo pelos ares / Se você não se importa, eu queria me soltar/ Se você não liga, eu queria ir embora / Se você não se importa, eu queria respirar
trecho de "Blew", 1988

Isso vai além da nossa capacidade / E é de gente grande / Isso está ficando / Repetitivo / Sou um verme negativo / E estou chapado
trecho de "Negative Creep", 1988

Me abrace, algo está acontecendo / Me ajude, alguém me ajude / Me abrace, estou faminto pra caralho / Me ajude, estou aqui e que é você? Chore
trecho de "Help Me, I`m Hungry", 1989

Está tudo lá: nas suas letras, como profecias, Kurt Cobain deixou o registro da angústia e do incorformismo que o levariam primeiro ao estrelato, e depois à morte. Marcelo Orozco, jornalista musical da Showbizz, Trip, General, 89 FM, El Foco e da Folha de S.Paulo, reconstitui essa crônica na forma dos Fragmentos de Uma Autobiografia, através da exêgese inspirada da obra do Nirvana.

O grupo foi anunciado como a "salvação" do rock - mais uma delas! - em 1992, com a explosão irresistível da música "Smells Like Teen Spirit", puxando seu segundo álbum, Nevermind. Mas a banda, liderada pelo carismático e intempestivo Cobain, ao varrer das paradas o marasmo partilhado pelo apático Michael Jackson de Dangerous e outros pancakes de gêneros diversos, também mostrou que seu fogo grunge não era de mentirinha.

A sucessão de episódios escandalosos e perturbadores (como a simultaneamente engraçada e angustiante apresentação do trio no Hollywood Rock de janeiro de 1993) era a contrapartida do talento inegável de Cobain e seus parceiros. Foi simplesmente impossível para o mundo ignorar o Nirvana nesse período relativamente curto de tempo.

Em 8 de abril de 1994, quando um eletricista descobriu o corpo de Cobain, no (pen)último ato do drama, o então jornalista esportivo Marcelo Orozco era mais um entre milhões de fãs chocados. Desde esse dia, o fantasma de Cobain - suas obsessões, sua identidade cindida, sua poesia brutal - continuou a intrigar Orozco.
Hoje no panteão dos gênios (auto)destrutivos do rock - ao lado de Jim Morrison, Jimi Hendrix, Janis Joplin, Syd Barrett, Brian Wilson, Brian Jones, Nick Drake e o redivivo Iggy Pop, entre outros menos votados -, Cobain não cessa de gerar controvérsia (incluindo até especulações sobre assassinato), como nas brigas entre a esposa Courtney Love e os bandmates Chris Novoselic e Dave Grohl.

Em Kurt Cobain - Fragmentos De Uma Autobiografia, Marcelo Orozco escava as camadas da poeira da estrada para, através da análise das letras e dos arranjos, de uma cuidadosa cronologia desde o nascimento de Cobain (incluindo a passagem pelo Brasil), e a discografia completa do Nirvana e projetos anteriores e paralelos, dar sua contribuição definitiva sobre os detalhes que constroem o mito.

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